Mostrando postagens com marcador vínculo forte. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador vínculo forte. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Amizade entre homem e mulher

Um colega pergunta: Como a sociedade vê a amizade entre homem e mulher, sendo os dois heterossexuais? Há preconceito?

Engraçado que se pensa isso quando a questão é em relação ao sexo oposto.

Amizade já é uma situação em que há investimento de tempo, disposição, atenção, movimento, as "energias", pulsões, etc, seja qualquer for a ótica, científica ou não. Se pensarmos mais radicalmente, há relacionamentos de "amizade" para o qual o relacionamento conjugal da pessoa fica no chinelo.

Por que tal atividade humana só é considerada sob o prisma da "possibilidade de relacionamento de alto nível" (as 2,3,4,5 intenções) quando é para o sexo oposto? Quer dizer, partindo desse preconceito, uma pessoa que tem todo esse investimento para uma pessoa do mesmo sexo não trará considerações dos outros sobre a possibilidade de algo além da amizade.

Já na pergunta temos esse preconceito (que não é unanimamente negativo) implícito..."sendo os dois heterossexuais".

Essa amizade homem e mulher toma os contornos de algo "que pode mais" principalmente nos relacionamentos em que há "brechas" da parte de pelo menos um dos envolvidos. Existem situações em que não há nem a necessidade de se ter a amizade, um vínculo mais íntimo, tamanha a desconfiança, conflitos internos e carência de comunicação no relacionamento conjugal da pessoa.

Se formos considerar que a maioria dos casais encontraram seus parceiros no ambiente de trabalho, e iniciaram como colegas de trabalho, o pensamento é totalmente justificável.

Rogers no livro "Sobre o poder pessoal" relata um caso com uso da ACP em que o marido estava insatisfeito com o relacionamento e tinha interesse em se relacionar amorosamente com mais pessoas que tinham interesse também. Com o trabalho do Rogers, não só o marido como a esposa conseguirem outros relacionamentos e de quebra melhoraram o próprio relacionamento. Diálogo nesse caso fez toda diferença.

Eu faço parte de uma sala com 37 pessoas, sendo eu e mais dois "cuecas". Ou seja, tenho 34 mulheres como colega de sala. Chega a um ponto em que precisamos vencer as "determinações culturais" para o bom andamento do curso rs

Texto também em tópico no orkut.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Relacionamentos Amorosos

Pergunta de um colega:
"Como equilibrar relacionamento amorosos monótonos, sem sentimento? Como trazer o gosto, o sentimento novamente? A resposta poderia ser simplemente mudar, transformar, renovar, recomeçar, mas como?"

O gosto e o sentimento já estão lá, tanto que ficar sem esse contato faz falta, aliás, até o contato sem intimidade pode trazer solidão ou falta de conexão emocional/afetiva, então, o outro e o que ele proporciona não são garantia da minha felicidade pois envolvem a forma como eu e ele reagimos e lidamos dentro de um relacionamento, isso envolve alter e auto-conhecimento, daqui que se pode pensar em equilíbrio e harmonia. A questão aqui é saber o que se quer do outro, o que se busca, saber o por quê de se estar junto desse outrem, essas perguntas encaminham para outras e sempre estarão ligadas com as iniciais.

Muitos estímulos e situações do dia-a-dia podem atrapalhar o relacionamento, ou seja, não é "culpa" da "falta" de sentimento, mas o estresse mesmo que atrapalha na forma de lidar com o outro, principalmente se afeta nosso humor. Nesse tipo de situação, o melhor é e sempre será o diálogo, pois é dele mesmo que se saberá se é preciso mais ou menos contato, inclusive de solitude, o "tempo". Fomentar o bem-estar do outro, como bom indexador na psicologia social, está atrelada nesse diálogo, eu não tenho como saber o que o outro quer de mim sem me comunicar com ele e vice-versa.

Outra questão é essa necessidade de "relacionamento 100%", estamos sempre insatisfeitos (afetiva e materialmente), somos verdadeiras máquinas de consumo, mais famintas e ferozes, invariavelmente, o relacionamento é indissociável dessa condição e passa por fases de incertezas, dúvidas, remanejamento e é excelente que se tenha tal situação, pois a conseqüência, se a questão é adequadamente abordada e trabalhada, é de fortalecimento do relacionamento. Portanto, não há relacionamento sem engajamento, é preciso responder às necessidades, elicitar as próprias e distinguir sua eficácia, tudo isso envolve cuidado de um para com o outro.



Reflexão de uma colega:
"Rotina só existe para quem não ama.
Quando existe amor,paixão e desejo não existe rotina que consiga acabar com um relacionamento."


Infelizmente, discordo. Há uma influência hormonal enorme nas nossas ações quando estamos apaixonados, e muita da nossa energia é direcionada ao outro, mudando nossa forma de experienciar o momento, até pela nossa tendência atualizante, já que muitas das nossas capacidades são desenvolvidas e ajustadas na presença do outro, tanto que estar com o outro, nessa situação, é muito bom obrigado. Com o tempo, é extremamente comum que o amor, por mais sublime e apaixonante que seja, caia numa espécie de rotina, ou que seja além da conta se considerarmos a auto-estima da pessoa. Vários aspectos da pessoa são descobertos e "acostumados", não há surpresas significativas, confrontadas com a velocidade e mutabilidade da "pós-"modernidade.

Penso que você encaminhou seu comentário numa forma interessante: "não há rotina se há desejo", a rotina é uma conseqüência natural, mas há formas de suplantá-la que aí sim, e já remetendo ao título do tópico, podem "esquentar" a rotina. Os exemplos mais fáceis são os mais significativos, todo casal tem costumes, "segredinhos", experiências românticas (não as idealizadas, mas o consumismo realizado e singularizado à experiência em comum) é daqui que encontramos tanto aquilo que pode reesquentar o relacionamento como eliminar os aspectos massantes, reviver essas experiências e destacar seu significado são ações que valorizam o relacionamento e a singularidade que ele adquiriu aos seus participantes.

Utilizo-me de um trecho de Musset que li num livro de Álvares de Azevedo, "Uma lembrança feliz é talvez, sobre terra, mais verdade que a felicidade." ou seja, são as construções do casal ao longo da vivência que fornecem sinais do que está em falta, do que precisa se aprofundar, do que deve ser eliminado.


Essa discussão pode ser lida na íntegra:
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=46802&tid=2595128244414627893&na=1&nst=1