quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Solidão: evolução intrapessoal?

Pergunta: A solidão é consequência da evolução intrapessoal?

Pra qualquer teoria na Psicologia atual que você estudar, mesmo as mais deterministas, evoluir jamais será "estar só", ou que a solidão seja o resultado de uma evolução. 
O bebê começa se relacionando com a mãe. À medida que ele adquiri mais habilidades e uma melhor percepção de mundo, sua rede de relacionamentos e as formas de agir especificamente para cada vínculo aumentam. 

Trago o exemplo de um sonho que o Medard Boss analisou e publicou num dos seus artigos e reflete o que estou dizendo. Um jovem rapaz que estava em terapia sonhou que viu de longe umas figuras que se assemelhavam a humanos. Ele pegou um binóculo e viu que se tratavam de algumas jovens mulheres. Com a evolução da terapia e próximo do seu término, ele sonhou novamente e conseguiu não apenas ver as mulheres sem precisar do binóculo como pôde conversar com elas. 
Seria uma evolução o rapaz avistar a vida inteira as mulheres de binóculo? Se a sua terapia não for para formar padres, há uma grande chance de fracasso e piora do quadro do paciente.



domingo, 4 de julho de 2010

Comentário sobre o post "O homem mediado"

O homem mediado - Daniel Piza


Excelente texto, bom para ler e refletir.
Fica a dúvida: quando a tecnologia será utilizada para nos aproximar do real e não simulá-lo? A boa proposta é facilitar as atividades mais burocráticas para dedicarmos mais tempos às pessoas e aos “momentos”.

Partindo do seu texto, Piza, é possível refletir, o que é estar fora da tecnologia? É como se estivéssemos “perdendo” algo, ou fazendo da forma errada. Talvez as pessoas e os relacionamentos interpessoais sem “mediação tecnológica” estejam sendo inclusos aí, nessa condição.

Há saídas para a desigualdade social e econômica?

Como pode uma família e seus integrantes construirem suas vidas de forma tão insustentável a ponto de ter de pedir esmola, colocar seus filhos ainda crianças para trabalhar precariamente, alimentarem-se de restos nos lixões, habitarem em locais de risco e viverem como se não houvesse saídas senão a vida limitada, o sofrimento e a morte?

Serão os programas de transferência de renda (bolsa-família e similares estaduais) suficientes para que as necessidades mais básicas dos seres humanos sejam atendidas?

Conseguiremos pelos programas sociais e pela cultura de paz superar essa situação?

O absurdo disso tudo é que ao mesmo tempo em que algumas famílias possuem um padrão de consumo de alto nível por várias gerações, sem interrupção, outras várias famílias sofrem para alcançar um padrão mínimo de consumo e sobrevivência e ambas vivem sob o mesmo céu, mas em condições tão diferentes e como se para as famílias de uma condição não existisse as famílias de outra condição.

sábado, 5 de junho de 2010

Comentário sobre reportagem "Cabeça de homem"


Branco, alto, magro, sem calvice, com carro e imóvel, sorriso claro sem falhas, estabilizado financeiramente, com/concluindo superior.
"Pequena amostra" seletíssima...
A "mulher ideal" deles é simplesmente uma mulher inteligente e simpática, provavelmente com formação superior, que saiba agradar em casa e ao sair para comer/beber/dançar, sem ciúmes e com projeto para vida profissional.
Se considerarmos que a escolaridade média das mulheres é mais alta que a dos homens, que elas estão conquistando grande espaço/qualificação no mercado de trabalho, que dança lhes é algo incentivado culturalmente, que é difícil uma mulher gostar de ficar plantada em casa, o "ideal" que sobra é "não quero casar mas me dedico a você". bah...





quinta-feira, 3 de junho de 2010

Violência e conflito

A violência não é natural do ser humano, ela é naturalizada, como se fosse algo natural, com que as pessoas nascem ("esse aí vai ser bandido quando crescer", "o cérebro daquele adolescente é diferente do seu"), banalizada como se fosse algo do cotidiano de tão comum e sem consequências punitivas/mediadoras. Ela é propagada pelos mecanismos culturais da sociedade, aprende-se a ser violento e agir de forma a intervir negativamente na vida do outro. Assim como a violência é cultural, a cultura de paz também se constrói e se aprende pelos seres humanos, todos precisamos construir socialmente a paz. 

Há diferença entre o conflito e a violência. O conflito é um desacordo/incompatibilidade entre duas ou mais pessoas em relação a suas opiniões, valores, objetivos ou necessidades, faz parte da condição humana. 
A forma como encaramos os conflitos é que os torna negativos ou positivos. Já a violência tem a característica de anular e prejudicar o outro, ferindo os direitos humanos. Não há possibilidade de mediação de conflitos em situações de violência mas inicialmente a ação é do poder judiciário.

A agressividade também tem conotação positiva ou negativa. Lutar pelos direitos humanos é uma forma de agressividade para algo que produza resultados positivos.

Tomando como exemplo a inclusão e exclusão, como queremos ter uma sociedade inclusiva se na própria ESCOLA os alunos já praticam exclusão e os responsáveis são convenientes com isso?

terça-feira, 1 de junho de 2010

Consideração sobre as "intoleráveis" religiões

Resposta a tópico no orkut:

As religiões não são a única causa das atitudes racistas, homofóbicas, misóginas. Existe uma estrutura socioeconômica na sociedade que permite e mantém essas atitudes. 

É só a gente pensar, por exemplo, na escola. Nosso grande objetivo no ensino médio é passar no vestibular. Matérias relacionadas à ética e a formação cultural do indivíduo são diretamente inexistentes e quando existem são matérias sem proposta pedagógica evoluída ou sem conteúdo reflexivo e questionador, mantendo o sistema de notas para avaliar os "bons indivíduos" e mostrar como são incompetentes e "rebeldes" os outros adolescentes. 

A escolha profissional vai sendo pautada no que "dá dinheiro" (só pensarmos nos tópicos da comunidade perguntando se "o mercado tá bom"), ou seja, os indivíduos vão sendo escolhidos, nos submetemos a trabalhos sem dignidade, extremamente desgastantes, aceitamos ser encoxados no trem e no metro porque estamos fazendo algo "produtivo" até o fim do dia, conseguiremos consumir alguns segundos de felicidade no fim de semana para sermos novamente encoxados na segunda-feira de manhã.

Nessas condições, as religiões aparecem para manter essa postura ideológica mas são mais um dos determinantes sociais que moldam o indivíduo.

Considerar "não tolerar o intolerável" pras religiões, é mais um discurso naturalizante pois a carga ideológica passa pro futebol...


sexta-feira, 14 de maio de 2010

Mediação de Conflitos


Módulo VIII - Mediação Passo-a-Passo (Curso DH e Mediação de Conflitos)

Guia de Mediação Popular (ONG JusPopuli)

Cartilha Mediação de Conflitos (Ministério da Justiça de Cabo Verde - Portugal)

Livro Marshall Rosenberg - Comunicação Não-Violenta

Mediação Corporativa

Gestão do conflito escolar: da classificação dos conflitos aos modelos de mediação

Mediação de Conflitos Familiares e Criatividade (dissertação)

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Personagens e "rotulações"

É importante lembrar que a Psicologia vai bem além de dizer quem é neurótico ou perverso (que está mais pra Psicopatologia que é uma ciência independente, e esses conceitos psicanalíticos assim como os fenomenológicos ajudaram essa ciência a se constituir assim). Quem se limita a essas considerações está fazendo Ideologia e não Psicologia (inclusive o debate teoria x vs teoria y pode dar na mesma). 

Se eu me limito a pensar a Olívia do desenho Poppey pelo construto teórico "causa histérica", corro o risco de desconsiderar um modo de ser específico dela de se relacionar consigo mesma, com o outro e com o mundo que eu particularmente acho sensacional e uma colega minha tem o personagem da Olívia no avatar rs 
Já bastam os médicos nomeando o paciente pelo número do quarto e do leito.

Link no orkut.

Qual carreira seguir?

A decisão é (e deve ser) sua. É preciso conhecer o curso e o trabalho depois de formado pra fazer a escolha certa.

Em relação ao curso de Psicologia que conheço (seria interessante entrar numa comunidade de outra área do conhecimento que você gosta e fazer a mesma pergunta ou então pague uma orientação profissional presencial ou online (td-online.com.br/moodle), dá uma olhada na grade da USP que é completinha (pelo menos na teoria) pra vc ter ideia do que vai estudar.

http://sistemas2.usp.br/jupiterweb/listarGradeCurricular?codcg=47&codcur=47011&codhab=0&tipo=N

Em relação ao trabalho em Psicologia, visite o site do Conselho e dê uma olhada nos temas que estão sendo discutidos, pra cada tema tem uma área específica de atuação em Psicologia.

www.crpsp.org.br



Link no orkut.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Mercado em Psicologia Organizacional e do Trabalho

Respondendo questionamento sobre mercado e trabalho em Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT)...

O problema é que SÓ existem vagas na área de Psicologia Organizacional, pelo menos para graduandos (e como comemoramos quando um colega de sala consegue uma vaga REMUNERADA num CRAS, numa ONG como AVAPE, ou num CAPS), e só fica atrás da área clínica depois de formado (inclusive nos cursos de especializações e especialistas cadastrados no CFP/ABEP). Dessas vagas, a maioria é relacionada a recrutamento e seleção (divulgação, triagem de currículos, testes, dinâmicas, contratação), seguido de treinamento (que dependendo da empresa pode se resumir ao apoio em palestras). Isso considerando a região metropolitana de São Paulo. 

Essa questão Trabalho (como saúde do trabalhador) e Organização (interesse capitalista) é um assunto tratado no Manifesto do SBPOT, contra a cisão entre as duas áreas, considerando que são interdependentes. "Como seria, então, possível fazer uma psicologia apenas voltada para o “trabalho”, sem pensar nas “organizações” em que ele ocorre? (...) Para compreender a dinâmica e os processos de trabalho, é preciso estudar os diversos níveis micro, meso e macroorganizacionais em interação."

Se nós considerarmos em termos de mercado (relação oferta e procura), a área organizacional paga bem, tem e sempre terá boa demanda. Precisamos de mais empreendedores nessa área para afirmar e ampliar o leque de ações do Psicólogos nas empresas. Os projetos precisam acontecer dentro das empresas, ter uma postura ativa e com necessidade de apoio do sindicato. Precisa-se convencer, mostrar que a Psicologia do Trabalho na Organização é também uma forma de produtividade e lucratividade (funcionário motivado, na carreira/profissão certa, lidando com o estresse o trabalho em equipe). 

Faça uma busca na Catho para estagiários de Psicologia. São poucas, tímidas as possibilidades de estágio em clínica, social, educacional. Não existem especializações em social ou educacional cadastradas na ABEP por exemplo. São todas áreas que demandam empreendorismo (e os professores cobrando projetos nas instituições como forma de avaliação é uma solução excelente pra incentivar o comportamento empreendedor).

Em relação às aulas de POT, considero que falta mais "Psicologia". Os professores aprofundam muito no aspecto "administrativo", "organizacional", com as divisões, atribuições. Existem técnicas e conhecimentos de Psicologia relacionados às empresas que são abordadas em disciplinas como Psicologia de Grupos mas não em POT. É uma perda e tanto, com sorte reparada por um estágio de sóciodrama nas organizações, por exemplo. 

Mais no orkut.

sábado, 17 de abril de 2010

Dicas sobre o trabalho na Psicologia

Existem muitas vagas e cursos na área de psicologia hospitalar. Tanto para concursos públicos, focando a área de avaliação psicológica, como hospitais com processo seletivo na Catho (por exemplo). Além disso, dá pra trabalhar no RH dos hospitais. Você pode conciliar o seu trabalho no hospital com aulas de psicologia hospitalar numa faculdade.

Além dos hospitais, é possível trabalhar em clínicas particulares de reabilitação para deficientes, idosos, dependentes químicos ou então, por concurso, nos "equipamentos públicos de saúde mental" como CAPS (I-até 17h, II-21h, III-24h), CASM (ambulatório), CRAS/CREAS (assistência social).

Você pode ainda trabalhar em cooperativas de psicólogos e outros profissionais, abrir a sua própria cooperativa (com mais 20 colegas), trabalhar para ONGs (com ou sem remuneração).

Finalmente, você pode montar a sua própria clínica particular (com ou sem CNPJ) ou então fazer parte de um grupo de psicólogos com uma única dona da clínica (sublocação).

As cooperativas são uma forma de aliviar os custos e promover auto-gestão, todos os trabalhadores também são donos do negócio. Daí que a cooperativa também tem CNPJ (como a empresa sociedade privada), assim é possível propor projetos para empresas, instituições como escolas, hospitais. Tudo dentro da lei. Por exemplo: numa escola da região está ocorrendo muito bullying, vocês podem ir até a escola, apresentar um projeto de psicologia para diminuir a frequência desse comportamento e promover socialização solidária. Vocês pode propor um projeto de cuidados paliativos a um hospital que está tendo dificuldades em lidar com os pacientes em estado avançado da doença.

Uma coisa eu posso garantir: NÃO FALTA TRABALHO, FALTA PROJETO. Se tem uma coisa que não falta nessa sociedade é trabalho de Psicologia rs
Mas, a perspectiva que nós temos de trabalho é limitado à empresa, CLT, com um patrão mandando e o empregado fazendo seu serviço e indo embora, sem responsabilidades além da sua produtividade, até chegar a hora de aposentar.





* * *


No início sempre é difícil, pra qualquer profissão. Conversa com um médico residente primeiro ano, um padre na primeira missa, um músico no primeiro concerto... sempre é uma experiência difícil, e pode ser agravada de acordo com as características da personalidade como introversão, impulsividade, alta motivação epistêmica, baixa auto-estima (cada abordagem psicológica vai dar um nome diferente).

Outra coisa: a faculdade por melhor que seja não dará todas as informações e nem adianta se revoltar com professor, porque passa ano vêm outro pior e de uma forma ou de outra tem que lidar com o ele ou ela. Então é mais fácil sugar o que o professor já experiencou, dominar o conteúdo básico da matéria nos livros recomendados, participar dos congressos de psicologia (que sempre tem um preço especial para estudante).

Outra coisa possível para ficar por dentro das discussões e movimentos políticos atuais na Psicologia é participar dos eventos que os Conselhos Regionais de Psicologia promovem e participam, do CFP também. Se você já tem um interesse específico por uma área de trabalho, como hospitalar, educacional, quer conhecer os principais nomes/representantes, participar das reuniões: existem associações dessas áreas que podem ser localizadas noFENPB.

Se o seu interesse na Psicologia é financeiro, de fato, não é das melhores áreas para se conseguir grana pra comprar mansão e carro importado, mas alguns concursos têm um salário quase exorbitante. Você pode encontrá-los na página do CREPOP.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Psicologia das Emergências e Desastres - Resumo de Cartilha do CFP

1º Seminário Nacional de Psicologia das Emergências e dos Desastres
Contribuições para a Construção de Comunidades mais Seguras



RESUMO


Abertura

- baixa prevenção, limitação na atitude cultural.
- poucas políticas públicas na área
- interseção com a defesa civil
- necessidade de formação e produção acadêmica
- preparar comunidades como atores fundamentais do próprio cuidado
- construção do espaço urbano de forma desigual e suscetibilidade das áreas mais frágeis
- questão ambiental mundial envolvida
- Brasil com aprox. 5500 municípios e boa parte com coordenadoria local de defesa civil

Conferência

- modificação de eventos da natureza antes do desastre
- Conceito de desastre: evento extraordinário, gera destruição considerável de bens humanos e materiais, podem ocorrer lenta ou repentinamente, de causa natural (enchente, terremoto, furacão) ou provocado pelo humano (guerra, terrorismo, vandalismo)
- Fases do desastre: pré-impacto, impacto e pós-impacto
- Tipos de atingidos: Depende. Com vivência prévia (algo habitual), com enfermidades (mentais, cardiológica), com apoio social e psicológico, com incapacidade física ou sensorial, idosos e crianças, que desempenham funções-chave
- Fatores de risco: número de mortos, dimensão da destruição, intensidade do desastre, centralidade na comunidade, duração, rapidez, grau de previsibilidade, periodicidade do fenômeno, falta de costume
- pouca atenção/estudo ao estado/equilíbrio emocional, foco limitado nas necessidades básicas
- Respostas psicológicas: 1ª fase: choque, apatia, confusão. 2ª fase: dualidade - atentidos mais dóceis e não atentidos angustiados. 3ª fase: euforia por estar vivo, solidariedade, delitos, depressão.
- Manifestações psicológicas: diferença da resposta em função do agente causador, personalidade (expectativa, querer permanecer), experiências durante impacto (perdas de entes queridos, riscos à própria vida), consequências do impacto (morte e luto, lesões, cadáveres).
- Objetivos terapêuticos: aliviar aflição, modificação de conduta, restaurar capacidade para lidar com estresse, reestruturar/reorganizar laços físicos e sociais, trabalho contínuo multidisciplinar, prevenção e promoção de saúde mental por equipes de suporte, fomentar mecanismos adaptativos, restaurar "eu", confiança, auto-estima, trabalhar sentimentos de culpa e relacionados ao desastre, identificar fatores de riscos, trabalhar com líderes comunitários, trabalhar reinserção na comunidade, trabalhar o luto.
- Leis: 1974 nos EUA: primeira lei com seção sobre orientação psicológica aos atingidos
- El Salvador, em 2001, preparou-se por meio de um programa mental diminuiu os impactos negativos de um desastre.
- OPS cria na América Central o CRID - Centro de Informação sobre Desastres, temática de saúde mental incluida.
- Equipe: necessidade de preparação, conhecimentos em promoção de saúde mental, reabilitação psicossocial, abordagem deve envolver aspectos do cotidiano, identificar problemas emergentes e preparar respostas, capacitação das pessoas da comunidade, desenvolver estratégias comunitárias para agilizar assistência, presença do trabalho de saúde mental nas instituições com planos instituicionais.
- Conhecer histórico da pessoa atendida (pessoal, familiar, social, emocional, experiências).
- Importância da prepração antes da ocorrência dos desastres naturais para facilitar reação e organização.

- Sistema Nacional de Defesa Civil:
- órgão superior: o Conselho Nacional de Defesa Civil (representantes Ministérios e Estados)
- órgão central: Secretaria Nacional de Defesa Civil (coordenação de todo sistema)
- há órgãos estaduais e há previsão de órgãos regionais
- órgãos municipais: Coordenadorias Municipais de Defesa Civil e Núcleos Comunitários de Defesa Civil
- órgãos setoriais: toda a Administração Pública como bombeiros, polícia militar, exército, marinha, aeronáutica, Conselho Federal de Psicologia e os órgãos de apoio ao Sistema.
- Criação e implantação de Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres.
- pessoas atingidas por desastre podem sacar R$ 2.600,00 do FGTS e há auxílio emergencial financeiro para quem não possui FGTS com 200 mil pessoas atendidas em 2005. 
- objetivo é democratização do saber em defesa civil
- menos de 10% dos municipios com corpo de bombeiros
- implantação de sistema de alerta e alarme barato e eficiente via parcerias com institutos de meteorologia,



Mesa-redonda 1

(Aléxis Lorenzo Ruiz)
- presença dos desastres ao longo da história do homem
- estudos de Freud sobre neuroses traumáticas após 1ª Guerra Mundial
- estudos sobre "vitimologia" durante 2ª GM
- psicotraumatologia moderna: compreender sofrimento e atuação das comunidades atingidas por desastres
- Psicologia em Cuba com 80 anos, início e desenvolvimento multidisciplinar
- fatores a serem avaliados na Psicologia cubana: memória histórica/diferenças culturais, mudanças na sociedade/novos desafios, desenvolvimento técnico-científico e reconhecimento e desenvolvimento do papel do psicólogo, principalmente em programas de saúde
- estudos e discussão sobre situações (emergência, desastre e catástrofe) e desastres não limitado a causas naturais, mas eventos negativos no cotidiano de famílias (morte, divórcio, doenças)
- estudos em vários de análise sobre a comunidade para elaborar programas de prevenção
- reconhecimento de ruptura na vida cotidiana provocada pelo desastre mas que não é deterministicamente fatal/traumático para todos
- existe ênfase no aspecto afetivo, emoções, mas o aspecto cognitivo também é de grande importância como a básica percepção sensorial
- estudos nas comunidades com tipos distintos de desastres verificando quais situações de estresse e sofrimento humano que levam ao trauma psicológico
- programas para comunidade identificar possíveis pessoas a serem afetadas/envolvidas
- programas que a aspiram a uma cultura de readaptação, não apenas recuperada
- uso de terapias breves e técnicas de educativas, relaxamento, comportamentais
- programas de ajuda não como substitutos/fazer pelo outro mas como programas que gerem capacidade dos envolvidos descobrirem por si mesmos soluções para os próprios problemas
- Cuba tem defesa civil (sistema de medidas defensivas) em todas as cidades
- eixo fundamental na comunidade e atividades focadas na educação/cultura/esporte
- preparo da comunidade: amortecimento rápido e precoce do impacto.



(Susana Chames de Rozen)

- Há tempos o homem tenta conceituar desastres, interpretar riscos e estratégias para dominá-los
- primeiras tentativas foi construção de zonas áridas no Rio Nilo, Tigres e Eufrates para neutralização das inundações/excesso de água
-  1930: engenharia ambiental, consciência dos desastres
- década de 70: relação desenvolvimento vulnerável e desastre
- “As conseqüências dos desastres estão estritamente relacionadas com os efeitos que produzem as
modalidades de “desenvolvimento” quando estas geram vulnerabilidade” Allan Levell
- “A vulnerabilidade, diante dos excessos da natureza, não é de caráter nem de origem “natural”; é de
caráter e origem social”. Allan Levell
- impacto se converte em desastre de acordo com o lugar onde acontece, locais inadequados
- não-percepção do risco e a predominância da negação são mecanismos para evitar a angústia de lidar com possibilidade, sensação de não ter recursos para agir
- falhas na utilização dos materias para construir edifícios
- capacitação dos indivíduos que trabalham em instituições para darem primeiras indicações do que fazer em situações de risco
- gestão integral do desastre: antes, durante e depois
- dever de incluir na cultura técnicas de prevenção, proteção, modificar condutas de risco. Não apenas informar ou dizer que é proibido mas sensibilizar/envolver para o papel/participação na situação

(Roberto Bastos Guimarães)
- custo financeiro insustentável dos desastres
- sinistro: evento externo ao indivíduo ou grupo, altera condições, gera danos/prejuízos/vítimas
- emergência: sinistro absorvido/superado pela comunidade sem auxílio externo
- desastre: sinistro que ultrapassa absorção, necessidade de auxílio externo
- ameaça: fenômenos natural/social/tecnológico que pode causar sinistro
- vulnerabilidade: situação (variável em função da ameaça) de pessoa/bem que permite ocorrer sinistro
- risco (ocorrência de danos): ameaça/vulnerabilidade/capacidade
- É mais fácil gastar muito para uma resposta pouco eficiente que investir para prevenir algo que
poderia não ocorrer (de Ville de Goyet)
- Ideal: multissetorial, prevenção e resposta, envolve todos agentes, responsabilidade emergência e desenvolviemnto
- Redução vulnerabilidade: alteração condição estrutural, treinamento técnico, educação, renda, compreensão das ameças (primeiros sinais, evolução, término) e instrumentação de previsão e acompanhamento
- Mudança cultural: incorporar gestão de risco política públicas, avaliar impacto socioambiental e desenvolvimento, melhorar preparação e conhecimento,  incluir temática de gênero
- Gestão de risco: processo de planejamento e controle para reduzir riscos, gerenciar desastre e recuperação. 
- desastres naturais e antrópicos, formados ao longo do tempo - sistema produtivo, meio ambiente, assentamentos
- desastres complexos: vínculos entre a globalização, as desigualdades e os conflitos, exemplo guerras (Diminuição da função do Estado, Graus crescentes de privação relativa, Aumento da privatização, Aumento da competição pelos recursos, Deterioração das redes de seguridade social, Maior disponibilidade de armas, Menor tamanho do setor público)
- risco de colapso e conflitos internos: Desigualdade, Características demográficas que mudam rapidamente, Falta de processos democráticos, Instabilidade política, Composição étnica do grupo governante
drasticamente diferente da população em geral, Deterioração dos serviços públicos, Grave declínio econômico, Ciclos violentos de vingança


continua...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Discussão sobre Psicologia filosófica e científica via tese do Castanon

Essa distinção psicologia filosófica e científica está atrelada à metodologia utilizada para se chegar ao conhecimento na tese. Tanto que ele discute o que é e o que não é de alcance (pelo menos parcial) da ciência, o que a ciência não penetra sendo obtido e estudado por métodos filosóficos, fenomenológicos (valor, atribuição de significado, sentido). 

Essa crítica "destruir ciência para adaptar humano e destruir imagem humana para adaptar ciência" entra na discussão sobre ciências humanas. Não que a ciência humana não tenha o seu mérito, mas se queremos que ela tenha reconhecimento e forte poder científico, ou seja, boa precisão para explicar e prever comportamento é preciso considerar os princípios que permitem reconhecimento da cientificidade. A questão é: há/qual validade nas práticas filosóficas sem que elas sejam científicas e o contexto de justificação é diferente das ciências exatas? 

Se por exemplo, a psicanálise não tem como ser validada cientificamente por não gerar consequências possíveis de falsificação, qual então a validação da psicanálise na psicologia, sendo que popperianamente ela é metafísica, com sentido mas sem valor científico? Por que por exemplo um teste projetivo será aprovado "científico" quando a epistemologia psicanalitica não será enquadrada científica nesses principios de cientificidade? Eu fico na dúvida pois a ciência é um método para se chegar à conhecimento/verdade e a psicanálise tem o seu contexto de descoberta (independemente da forma que se obteve), mas como fica a parte da justificação? A resposta é "ciência filosófica"? Complementação filosófica? ciência idiográfica?

É como se a empregrada entrasse na casa, tirasse o tapete, mudasse o sofa de lugar, virasse as cadeiras de cima pra baixo e fosse embora deixando a porta aberta, sem limpar nada e deixando a sujeira à vista. 

Mas daí vem outros problemas como a multicausalidade e mesmo os procedimentos experimentais não tem precisão reconhecida. Por exemplo, se a amígdala (reações de paixão, raiva, medo) de adolescentes tem maior atividade que o lóbulo frontal (personalidade, racionalidade) e é o contrário no adulto, isso não é suficiente para explicar e determinar que um adolescente com alta atividade no amígdala será estrupador, homicida, etc. Mesmo que se fizesse um teste com todos os adolescentes do mundo não seria suficiente para determinar científicamente essa relação, no máximo, indiretamente, mas não é prova cabal. Quer dizer, as consequências testadas dessa hipótese foram refutadas, não passaram no teste de falsificação, com a necessidade de se elaborar melhor a tese.

Esse exemplo acima eu tirei de um episódio de Law and Order: Special Victims Unit. A retórica da advogada liquidou o depoimento do perito assim. Isso me faz ter uma noção muito maior do limite que temos na psicologia que não fica claro na formação do profissional. 

Uma situação prática: a mediunidade. Neurologistas afirmam que vão encontrar a explicação científica para o fenômeno como uma alteração neuroquímica. Mas a fenomenologia por exemplo, por meio da atitude fenomenológica, reduz/suspende essa explicação e tenta compreender o fenômeno da forma como a pessoa o experiencia via uma pergunta norteadora e daí procurando os significados que se mantém, agrupar, reescrever e sintetizar. Esse não é um método científico mas é um método que se aplica às pesquisas em Psicologia, quando o Castanon fala de complementariedade, pode ser que ele esteja procurando um espaço adequado desse método na relação com a ciência. 

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sábado, 6 de fevereiro de 2010

Considerações sobre perfis fake

O que faz um sujeito usar profile falsos em sites de relacionamento?

- não gostar da própria identidade
- se mostrar como um super-herói que admira
- criar uma verdadeira nova identidade (sem coragem de assumir pessoalmente)


Eu não descarto nenhuma dessas opções. Usar um perfil fake pode modificar algumas qualidades da sua forma de relacionar, permitindo adentrar "outros territórios" sem o risco de represálias, como um "se mágico" (e se você fosse fulano e pudesse ...). Ou seja, seu espaço de relacionamento aumenta, você pode estar com outras pessoas e partilhar das mesmas crenças, humor. Uma comunidade que causaria estranheza para os seus amigos, nela, como fake, você pode ser o grande contribuidor.

Os psicanalistas utilizam muito o termo "transgressão" como se a roupa de fake "liberasse geral", um aval para se fazer o que quer sem ser repreendido.

Mas é complicado olhar a situação apenas pelo aspecto negativo e como disse, mesmo perfis reais podem "colocar apenas o que quer", ou seja, de certa forma, todos somos um "avatar". Todos procuram representar seu perfil como querem, fazendo uso de cores, poses, textos, smileys.

Como Ghiraldelli escreve no seu artigo, o Orkut permite que as pessoas alcancem atenção pelo foto do avatar, uma moça de seios fartos decotados obtém grande número de visitantes. Agora, ela é um alguém e com fama, 800 amigos que ela nunca viu na vida. Essa grande anônima pode ser real, suas fotos verdadeiras, seus textos verdadeiros, mas meu conhecimento sobre ela vai até aí, consigo ver até onde ela se expõe ou algum deslize ao se inscrever em alguma comunidade excêntrica.

No aspecto social envolve muita "dissociação", conseguir separar desejos, crenças para si mesmo. Um bom perfil fake dá trabalho então são normalmente pessoas com largo conhecimento cultural e boa capacidade cognitiva. É preciso saber criar, manipular representações que se encaixem na percepção da outra pessoa de forma que esta acredite no que vê, haja verossimilhança.



Existe uma cultura muito forte de exposição da nossa privacidade, quem tem privacidade na atualidade é um fracasso, já que o ponto alto de uma cultura que prioriza posse, poder e aparência está exatamente em se mostrar.

Qual o lema do programa de audiência massiva que já está na 10ª edição, competindo inclusivo com vários outros do mesmo gênero em canais também da rede aberta? "Vamos dar aquela espiadinha?". É bonito e divertido ver e ser visto.


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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Mercado de Terceiro Setor

Eu ainda não tenho muita experiência na área, mas pelo que eu já estudei parece promissor o mercado de terceiro setor. 

Existem fundações (bancos, agronegócio, mineradoras, consultoria) dedicadas especificamente a financiar alimentação, materiais escolares, equipamento, viagens, até espaço físico. Isso considerando as iniciativas privadas. Governos federais, estaduais e municipais, via as políticas públicas da área de assistência social (SUAS), podem fornecer grana de fundos específicos. Uma iniciativa a nível municipal é o FUMCAD. A única coisa que eles não bancam é salário (e eu realmente não entendo como pode aparecer vagas com salários bem gordos). 

Fora do Terceiro setor, existem órgãos e empresas que promovem formação gratuita para microempresários como SEBRAE e Endeavor. É possível também conseguir apoio por órgãos de fomento à pesquisa como FAPESP. Alguns projetos são específicos para financiar iniciativas inovadoras.

Enfim, tudo isso é possível mas há um processo seletivo rigoroso para conseguir o apoio e tá faltando projeto. Alguns mais básicos para alimentos são mais fáceis de serem obtidos. Mas iniciativas mais "tecnologicas" são mais complicadas, dependem de mais conhecimento, mas tem excelente retorno.

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"Psicologia dá dinheiro?"

Depende de você, estudante. Se você quer faturar alto trabalhando na Psicologia, alguns concursos do judiciário, legislativo ou faculdades públicas costumam se diferenciar dos outros com uma remuneração gigantesca.  

Nesta página do CREPOP dá pra ter uma noção geral dos concursos, média de 1.500 reais. Ou seja, sem um concurso top, sobra os processos seletivos para cargos de chefia em recursos humanos que também costumam ter boa remuneração mas grande exigência.

O trabalho como profissional liberal (clínica) é o mais flexível, mas no início é complicado obter clientes (talvez uma cooperativa facilite) e às vezes frustante, ainda mais se você não se empenhou na sua graduação. Daí que pode ser até mais difícil que os outros pois envolve o contato com cada cliente, avaliando seu trabalho e pagando diretamente. Alguns desses profissionais também trabalham em faculdades particulares dando aulas e pagos por aula dada (horistas) para complementar a renda. 

Especialização é uma consequência natural, ainda que não seja formal mas você vai inevitavelmente escolher uma linha e um área de atuação, talvez já na graduação com o andamento do curso, disciplinas e com o que você tiver afinidade.

Trabalho em empresa pode ser maçante, mas se você gosta de hierarquia, bater cartão, vá em frente.

O mais importante: criatividade. A Psicologia como um todo aqui no Brasil carece de bons profissionais e pesquisadores engajados que desenvolvam projetos inovadores, com metodologia prática/útil e de resultado. A desculpa que o "mercado tá ruim" não cola quando há tanta coisa possível de ser feita em várias áreas, o fato é que o mercado de "clínica" está inflacionado. 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Trecho de resumo da tese psi científica e cognitivismo - Castanon

Resumo cap2 e 2.1 da tese do Castanon

- cosmogonia e revolução científica, experimentação


- "divórcio entre o mundo dos valores (do sentido, das causas finais) e o mundo dos fatos (causas materiais e eficientes)."


- diferença de "saberes": formas de conhecimento (saber científico, fatos cotidianos vulgares, experiências subjetivas) de esferas de legitimidade epistemologicamente distintas.


- ciência moderna: garantia da própria validade, formular leis que regem fenômenos, características (Mora):
1. descritiva (linguistica);
2. experimental (sistemática,matemática);
3. preditiva (determinar futuro). 


- características para Nagel: 
1. forma sistêmica (teoria, leis);
2. definição dos métodos de investigação;
3. redução (o nível mais profundo de fundamentação);
4. objetividade (controle,reprodução, intersubjetivo);
5. claridade;
6. incompletudade e falibilidade (sempre aberto revisão).


- "Esta tese não está preocupada em definir o que deve ser a ciência, e sim, em responder se a Psicologia é compatível com a definição de ciência que dá a ciência moderna."


- Pressupostos filosóficos: 
1. Realismo Ontológico (há algo a ser pesquisado, existência independente do objeto);
2. Regularidade do Objeto (determinismo e naturalismo, universo governado por leis, formas matemáticas);
3. Otimismo Epistemológico (chegar, possível obter conhecimento e daí como adquirir e validação);
4. Pressupostos logicos (contradição - não simultâneo, identidade da proposição e terceiro excluído - apenas uma verdadeira);
5. Representacionismo (expressão/representação adequada pela linguagem, concordância sintaxe/semântica com coisa referida).



Eu percebo um rolo nesses pressuspostos filosóficos mas como ele deixa claro, não é a proposta da tese discutir essa base mas ver se a cognitiva se encaixa nela. Uma pesquisa além seria considerar a discussão desse paradigma científico, pois é bem no meio onde a psicologia se encontra. 

Se utilizássemos esse filtro acima, será que todas as abordagens/teorias da psicologia passariam? Ademais, mudariam sua esfera de legimitidade? O que é esta esfera de legimitidade? O que se tem e o que não se tem pertencendo a uma esfera de legimitidade que não é a mesma da ciência?

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domingo, 31 de janeiro de 2010

Porque eu entrei na faculdade de Psicologia.

Eu ainda estou cursando Psicologia, então falo como estudante. 

Entramos com uma percepção limitada da Psicologia no seu aspecto prático, tanto que não é raro aparecer as dúvidas como "o que o psicólogo faz", "pra que serve psicólogo", "isso dá dinheiro". Temos uma ideia, que também é ingênua apesar de mais embasada, do aspecto teórico, circundada por algo que fez muito sentido de algum autor ou uma palestra e que despertou o interesse para cursar a faculdade e se aprofundar.

Ao longo do curso, pelo menos para quem não está nas faculdades top top com poder de pesquisa acadêmica e inclusão no mercado, fora delas parece que a Psicologia está com a plaquinha "under construction" (em construção). Quanto mais a gente estuda mais percebe que o trabalho vai ficar na versão beta além do tempo esperado. Isso pode não ser exclusivo das "mais modestas", mas a forma de lidar é bem outra.

Começando pelo fim da minha resposta, mas isso me fez pensar bastante nos motivos pela qual comecei: além de ser uma segunda opção (tinha intenção de cursar música - regência), sempre me interessei pelo conhecimento que psicologia proporciona na vida humana, ou seja, o que me fez entrar e me mantém na faculdade é o "tesão acadêmico" se é que eu posso dizer assim, a vontade de conhecer, de ser curioso sobre o tema, principalmente no que se refere aos "potenciais humanos", portanto um "motivo teórico". 

Há uma espécie de transição, como existe na ciência da psicologia atual, ou seja, é possível constantemente encontrar algo de novo, interessante nas pesquisas e usar na prática, daí, impressinado e satisfeito com o resultado.

Deve ser estranho não dizer o chavão "queria ajudar as pessoas", "quero entender a mente", "quero ter controle sobre as mulheres na cama", mas o tesão era tanto que nas aulas de piano eu levava um capítulo de Psicologia Experimental da editora Wiley para ler ao invés das partituras. lol

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Psicologia e Epistemologia II

Se formos pensar em "bases neurológicas", as representações mentais da cognitiva estão no mesmo barco da segunda tópica freudiana. São várias estruturas criadas, hipotetizadas (com bases em filósofos ou em tecnologia) para se pesquisar como o produto biológico (mente) funciona.

Acho que nesse contexto a discussão vai até além da epistemologia pois o tempo passa e a prática vai se moldando/articulando independentemente das lacunas epistemológicas. Então eu fico pensando se vale a pena não considerar também o que está encima. Ou seja, onde se insere a psicologia, mas quanto mais se afasta deste aspecto orgânico, mais se aproxima da filosofia, das poltronas e de uma guerra sem fim.

Como eu tenho proximidade com uma linha que não parte do estudo controlado do laboratório, mas da reflexão de filósofos (humanista - daseinsanalyse), esses "desafios de cientificidade" me fazem por a prova as psicologias e a consequencia é sempre rever os métodos.

Como se pratica a psicologia? Todos podemos "dar uma de psicólogo/médico/advogado". No caso dos psicólogos, a prática é muito voltada para o diálogo e quando precisamos de algo escrito, "oficial" (também) utilizamos um teste psicológico, não usamos bisturis, remédios, nem aprendemos a analisar telas com sinais vitais, neurológicos (você pode até ter aprendido, lido mas não usa).

Daí que se eu proponho "cadê a organicidade?" eu estou indo além desta prática verbal ou não verbal (seria neuropsicologia junto com a cognitiva uma forma de reverter isso?). Então se a minha teoria ou qualquer outra que não esteja preocupada com os milisegundos da onda cerebral que dão consciência, eu posso ser acusado de não científico e vai ter algum sentido pois eu não vou estar mesmo fazendo a ciência "dura".

Ao mesmo tempo que pedimos cientificadade estamos reclamando dos aspectos existencias e os "alternativos" sabem muito bem disso que fazem uma graduação de naturologia com mensalidade exorbitante com boa procura (Naturologia - Anhembi Morumbi).

Enquanto os "naturólogos" dizem que a ciência é fraca os cientistas retrucam dizendo que ainda não chegaram lá. Quando conseguirmos encontrar um ponto comum (psicologia com psicologia rs), esse é um problema que espero esteja resolvido.

Texto também no orkut.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Epistemologia e Psicologia

Nas aulas mais teóricas na faculdade, a discussão a que eu tive acesso foi limitada no sentido de separar psicologias compreensivas (intenção) e psicologias objetificantes (causa). Praticamente o mesmo fundamento do dualismo "filosófico" e "científico" mas com outros nomes.

O que eu ainda tento encontrar (e o que deveria direcionar de acordo com o contexto cultural-etc-etc que temos hoje) são as bases comuns e pontos de apoio em que se possa caminhar firmemente, pelo menos no aspecto prático, da prática profissional.

O que vemos em comum pela história da Psicologia é o movimento que parte para ampliação da subjetividade. Mais valor, mais problema, mais estímulo, uma expansão "pra dentro e pra fora". Mas nunca determinante e sempre fluido. Os valores vão se alterando, coisas que não são mais problemas criam outros problemas e a experiência ou impacto desses eventos tem relação direta com o contexto das pessoas.

Contextualização é algo que podemos considerar como básico para avançar cientificamente. Exemplos: o índio tem mais independência do que nós numa selva. Ele sabe o que comer, como comer e o que fazer e depende menos dos outros, da institucionalização, numa situação de caos, ele lida melhor do que nós. Se colocarmos o índio numa Wall Street ele teria grandes dificuldades, provavelmente o mesmo tipo de dificuldade que teríamos para comer se não houvesse supermercado :D

Não há sentido fazer uma ciência humana como é a Psicologia e não utilizar esse principio nas pesquisas. Aí está uma das grandes críticas à Psicologia no decorrer da sua história.

Daí que contextualizar também envolve todo, e todo envolve sistema. Partimos para mais princípios e vêm os problemas epistemológicos: a ciência "numérica" tem um substrato rígido, fixo e isolável mas uma ciência como a Psicologia tem um substrato pouco palpável, complexo e "indissociável". Avançar científicamente é avançar filosoficamente. Aqui eu penso em unificação.

Mais no orkut.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Tempo, produtividade e consumo

Lembra daquela discussão sobre escolhas?
Produtividade é algo diretamente relacionado. Estar produzindo alguma coisa é uma excelente forma de considerar se estamos avançando em direção a um objetivo. O problema é quando essa produção fica limitada a feitos amplos ou mais comumente, financeiros.

Cifras e quantidade. Deve ser muito difícil conseguir consumir e dar conta de tanta coisa pra se consumir. Mesmo aquilo não temos necessidade de consumir fica consumível. Tudo é consumível e passível de ser comercializável, daí todos consomem. Inventamos meios para tornar isso permanente e a ética fica guardada na gaveta nessas horas.

Como é bom as pessoas dependerem dos produtos que produzimos, dos nossos serviços, até do que não se tem uma noção material.

Situações bizarras como passar um tempo com outra pessoa precisam render muito, aliás, o suficiente para compensar tanto tempo perdido. Pelo menos conseguimos inventar formas de isso render alguma coisa, como sexo, dinheiro ou algumas gargalhadas.

Então se você produz, pode estar no caminho certo, no máximo vão te criticar que você não está rendendo mais do que poderia, mais.

Antigamente, numa época em que eu pensava em fazer faculdade de economia, vinha-me uma pergunta ingênua na mente: o que vou fazer com tanto dinheiro? Mal sabia eu que alguns anos depois estaria pendurado com contas a pagar, triste por não ter mais poder e dinheiro para consumir, nem que seria considerado inferior porque outra pessoa teria algo que eu não tenho e ela teria todos os créditos, Geld macht Geld.

Acho que não aprendi direito todas as regras do jogo Banco Imobiliário. A principal é assim: junte a maior quantia de dinheiro e poder que puder. A regra é essa, pra quê complicar.

Mas ainda vamos inventar um dinheiro que é mais caro que o dinheiro e só existe e pode ser usado se for para menos, não para mais.

Age quod agis

Faça aquilo que você faz.
Se você faz alguma coisa, faça isso bem.

Escolhas são uma parte complicada da vida. Precisar escolher e seguir enfrente com uma escolha não é fácil. Mais difícil ainda é ter de re-escolher, i.e escolher novamente algo que já estava escolhido, no sentido de fazer uma escolha que traga melhores consequências em relação a que já havia sido feita.

"Abyssus abyssum invocat", escolhas erradas produzem mais escolhas erradas, mas uma escolha certa quebra o círculo e propõe um novo caminho. É importante considerar que não se "apaga" a escolha anterior mas exatamente um outro caminho é trilhado.

O fato de uma escolha anterior ter sido avaliada negativamente não pode fazer com que ela seja apagada, senão não haveria nexo com a próxima escolha nem se pensaria na hipótese de escolher novamente. Errar é humano, é característica da existência e o drama é que atrai telespectadores.

Essa reflexão é comum para nós humanos, principalmente quando nos deparamos com situações amplas e eventos/estímulos frequentes. Com mais ou menos pesar e pensar, as escolhas vão sendo feitas, até para que se escolha que não se tenha mais escolhas a serem feitas.

Quando se diz "faça bem aquilo que você faz", essa lógica que tem lá suas relativizações fica no meio do caminho. Quanta coisa podemos fazer mas não fazemos bem e até tentamos. Seguir o provérbio fica inviável. Daí que as escolhas tornam-se bolas de neve e começam a tomar fôlego de discussão ética, hum.

Agravantes? Ter de fato uma outra coisa que se faz e muito bem ou ter outras maneiras não pensadas ou mais complexas para conseguir finalmente fazer aquilo que parecia inviável. Aí a questão volta pra dimensão da escolha.

Dá pra escolher? Dá e o caminho vai sendo trilhado, legal perceber que ele nem existia, é você que tá trilhando, com a escolha que você fez você alterou todo o rumo!

Com essa mudança de rumo, nem sempre ficamos totalmente satisfeitos ou mantemos muitos resquícios das escolhas anteriores. Difícil perceber que a vida não tem borracha, as marcas vão ficando no corpo. As escolhas feitas anteriormente já estão feitas com seu devido caminho traçado e trilhado.

Fala-se que leva uma vida para alcançar algumas coisas mais demoradas, mas existe uma parte menos agradável disso: assumir que é possível ter passado envolve assumir escolhas independente do valor que a elas se atribui. Alguns até tentam fragmentar, só ter traçado a parte boa, mas eu considero mais produtivo considerar as escolhas "boas e ruins" como um todo, sem precisar esmiuçar, fazer barreiras, analisar cada escolha e dizer "hum, essa pode". Quando se faz a escolha, não temos como pegar uma parte de nós e dizer: essa vai e essa fica.

Ao mesmo tempo que nos dominam totalmente, pela sua caraterística de todo, sem fragmentação, elas não nos dominam em nada, pelo contrário, confirmam quanto de indeterminado é fazer essas escolhas. Taí a graça do ser humano, dá pra perceber porque ele vai se fazendo, escolhendo, enfim, sendo.

Pensando bem, eu devo ter errado escrevendo esse monte de texto. Eu vou fazer então uma outra escolha e desviar o caminho que eu estava com a anterior: vou publicar.

Cuiusvis hominis est errare, nullius nisi insipientis in errore perseverare.
Marcus Tullius Cicero, Philippica XII, ii, 5