sábado, 6 de dezembro de 2008

Reflexão sobre o sexo

Na "antiguidade", sobreviver era MUITO mais complicado do que é hoje em dia. Várias gêneros de "homo" (erectus, habilis) e outros gêneros, com suas adaptações específicas (neanderthalis, heidelbergensis, bolsei) -mais detalhes assista "Homem das Cavernas", documentário BBC Londres- impiedosamente padeceram, sendo que nós herdamos muita coisa deles, como cérebro grande, andar de pé, polegar opositor, etc, adaptações que facilitam nossa atividade e interferência no meio. Inclusive, na natureza, o tamanho do pênis está vínculado às necessidades/dificuldades de reprodução de cada espécie.
Nessa época antiga (para nossa temporalidade), o homem tinha um papel de fecundar o maior número possível de fêmeas e as fêmeas de cuidar da "cria" (algo que está mudando aos poucos, principalmente do final do século XX para a atualidade). Quer dizer, a sexo não tinha o "status" que tem hoje, visto que a função era a fecundação da fêmea e manutenção da espécie.

Para nós (homo sapiens), e principalmente vínculado ao cérebro de 1500cm³, nossa capacidade de abstração muito elevada, nossa autoconsciência (lógicamente anterior à consciência, noção de que tenho consciência, pré-reflexiva), o sexo atingiu uma característica, um status de tal forma que é utilizado ou para explicar partes de teorias (psicanálise, pulsões sexuais, sublimação) ou manter manipulação (religião), para se delimitar valor (castidade, virgindade, moralidade) ou como fetiche ("esconde-se que não há falo quando se transa com calcinha"), etc.

A questão é: sexo é fundamental ser discutido, quem pretende ser psicólogo tem obrigação/dever de saber e muito bem essa capacidade que o humano tem, e além de tudo, saber o que há ANTES E DEPOIS do sexo, do ato em si, MAS, é impressionante como conseguimos atribuir tal patamar ao sexo sendo que precisamos discutir e filosofar, construir teorias sobre a questão da aproximação, do contato, do relacionamento, do papel do outro na vida, na cognição, etc. Ou seja, sexo é fundamentalmente comunicação além do comportamento verbal (penetração, felação) e o status que se atribui ao sexo também deve ser atribuido à essa aproximação/relacionamento, sexo dentro desse contexto de comunicação.

Isso quer dizer, enquanto pensarmos o sexo isolado de um contexto com os outros comportamentos humanos, não apenas a velha associação religiosa de moralidade, caíremos sempre nessa concepção de biologizar, "patologizar" e/ou endeusar o sexo.

Peculiaridade: o sexo é tão endeusado que depois que já se "perdeu virgindade", que já se fez muito sexo, ele perde a tonalidade de "pressão" que inicialmente tinha, como o que guia uma vida, tanto que, em relacionamentos, é comum que o sexo torne-se mecânico e que se busque outras fontes de prazer, que até então, estavam obscurecidas pelo endeusamento do sexo, ou então, da descoberta de outras características no próprio corpo ou no corpo de outrem.

Sexo, dentro de um contexto, é mínimo, é um detalhe, que, ironicamente, revela vários outros detalhes existentes no relacionamento entre seres humanos. Detalhes esses que devem ser desvelados e aprofundados pelos psicólogos.

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