quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Discussão sobre Psicologia filosófica e científica via tese do Castanon

Essa distinção psicologia filosófica e científica está atrelada à metodologia utilizada para se chegar ao conhecimento na tese. Tanto que ele discute o que é e o que não é de alcance (pelo menos parcial) da ciência, o que a ciência não penetra sendo obtido e estudado por métodos filosóficos, fenomenológicos (valor, atribuição de significado, sentido). 

Essa crítica "destruir ciência para adaptar humano e destruir imagem humana para adaptar ciência" entra na discussão sobre ciências humanas. Não que a ciência humana não tenha o seu mérito, mas se queremos que ela tenha reconhecimento e forte poder científico, ou seja, boa precisão para explicar e prever comportamento é preciso considerar os princípios que permitem reconhecimento da cientificidade. A questão é: há/qual validade nas práticas filosóficas sem que elas sejam científicas e o contexto de justificação é diferente das ciências exatas? 

Se por exemplo, a psicanálise não tem como ser validada cientificamente por não gerar consequências possíveis de falsificação, qual então a validação da psicanálise na psicologia, sendo que popperianamente ela é metafísica, com sentido mas sem valor científico? Por que por exemplo um teste projetivo será aprovado "científico" quando a epistemologia psicanalitica não será enquadrada científica nesses principios de cientificidade? Eu fico na dúvida pois a ciência é um método para se chegar à conhecimento/verdade e a psicanálise tem o seu contexto de descoberta (independemente da forma que se obteve), mas como fica a parte da justificação? A resposta é "ciência filosófica"? Complementação filosófica? ciência idiográfica?

É como se a empregrada entrasse na casa, tirasse o tapete, mudasse o sofa de lugar, virasse as cadeiras de cima pra baixo e fosse embora deixando a porta aberta, sem limpar nada e deixando a sujeira à vista. 

Mas daí vem outros problemas como a multicausalidade e mesmo os procedimentos experimentais não tem precisão reconhecida. Por exemplo, se a amígdala (reações de paixão, raiva, medo) de adolescentes tem maior atividade que o lóbulo frontal (personalidade, racionalidade) e é o contrário no adulto, isso não é suficiente para explicar e determinar que um adolescente com alta atividade no amígdala será estrupador, homicida, etc. Mesmo que se fizesse um teste com todos os adolescentes do mundo não seria suficiente para determinar científicamente essa relação, no máximo, indiretamente, mas não é prova cabal. Quer dizer, as consequências testadas dessa hipótese foram refutadas, não passaram no teste de falsificação, com a necessidade de se elaborar melhor a tese.

Esse exemplo acima eu tirei de um episódio de Law and Order: Special Victims Unit. A retórica da advogada liquidou o depoimento do perito assim. Isso me faz ter uma noção muito maior do limite que temos na psicologia que não fica claro na formação do profissional. 

Uma situação prática: a mediunidade. Neurologistas afirmam que vão encontrar a explicação científica para o fenômeno como uma alteração neuroquímica. Mas a fenomenologia por exemplo, por meio da atitude fenomenológica, reduz/suspende essa explicação e tenta compreender o fenômeno da forma como a pessoa o experiencia via uma pergunta norteadora e daí procurando os significados que se mantém, agrupar, reescrever e sintetizar. Esse não é um método científico mas é um método que se aplica às pesquisas em Psicologia, quando o Castanon fala de complementariedade, pode ser que ele esteja procurando um espaço adequado desse método na relação com a ciência. 

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