segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Psicologia e Mídia II

Satre consideraria "ilusão de completude" como má-fé, uma vez que se refugia por detrás de paixões e determismo. Felizmente não temos completude, somos enquanto nos fazemos ser, sempre projeto. Foucault também criticaria esse dispositivo e a falta de inovação do homem. Nietzsche tem uma frase direta nesse sentido: "estamos cansados do homem".

Enfim, há várias formas de análisar a questão e a problematização que eu faço caminha para uma discussão ética e um projeto de civilização.

Perceba que fazer um comercial e a programação televisiva justifica um compromisso ético da televisão. Pedrinho Guaresci aborda isso no documentário "Criança, a alma do negócio" do Instituo Alana, comentando a influência da mídia na constituição da subjetividade. O CFP tem trocentos livros abordando isso, o Conselho aqui de SP tem mais trocentos livros com as sistematizações e resultados dos eventos preparatórios e congressos sobre o assunto.

Há uma literatura muito vasta abordando esse assunto e a primeira impressão pode ser sim "é algo comum, está atrelado" mas investigando um pouco melhor dá pra perceber vários constituintes que definitivamente tendencionam para o aspecto da violência. O próprio Ronaldo mudou sua fala num comercial da Brahma, até então "guerreiro" para "brahmeiro", uma vez que estava envolvido em situações delicadas e envolvendo sua imagem e personalidade.

Nos testes psicológicos projetivos esses conteúdos são utilizados para se considerar condições limitantes no indivíduo e a desculpa mais usada "foi sem intenção" não funciona.

Quem diria que poderíamos considerar a televisão uma produtora cultural da nossa sociedade? Isso implica deveres para com o cidadão e é uma prerrogativa constituicional. Às empresas de televisão é concedido com prazo de validade um espaço para veiculação de sua programação e o caráter educativo é dever.

Não é por causa do comercial mas compõe a representação que temos. E eu não preciso me limitar a esse evento no Couto Pereira pra criticar não só o futebol e sua representação que temos atualmente como as propagandas de bebidas alcoolicas como um todo. É diferente de criticar a prática do futebol.

É comum ouvirmos desculpas como "politicamente correto" para defender a suposta liberdade de expressão. Vai na mesma ondas dos promotores que querem o direito de condenar publicamente homossexualISMO, ou os extremistas religiosos que usam a liberdade de expressão para deteriorar e limitar a liberdade de expressão.

É um erro da nossa parte considerar "apenas esse comercial" uma vez que há uma indústria que se utiliza das brechas na nossa legislação pra propagar a ignorância e alienação. Eu não sei você mas eu não estou satisfeito.


Criança, a Alma do Negócio - Documentário do Instituto Alana


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