quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Questionando fraqueza II

Religião é bem mais complexa do que dizer que há um "inferno" e um "céu". Envolve uma experiência religiosa de êxtase. Nem sempre a própria identidade se mantém, obedecendo então aos ordenamentos do líder.

Eu como ateísta percebo que algumas pessoas têm consciência dos nossos argumentos, estão cientes e críticas, mas uma questão que eu sempre trago é: por que então essas pessoas permanecem acreditando sendo que não são burras, têm cultura, têm crítica?

Para Sartre, desenvolveria-se a angústia derivada da nossa liberdade e sua escolha e responsabilidade, algo ininterrupto pela nossa imanência no mundo, "podemos tudo menos deixar de ser livres". Dessa forma, haveria brecha para a instauração de um "ser necessário", causa de si mesmo, sua existência.

Por isso que é tão difícil de se desenvolver epistemológicamente em Psicologia. Heidegger bateu direto nessa "questão de ser", obscurecida pela história da filosofia como questão fechada, já determinada. O humano tem uma volatilidade muito grande, muda mas pode ficar preso com a mesma força que teria para mudar.

Assisti a um filme recentemente que aborda melodramaticamente essa concepção, The Watchmen ou "Os Vigilantes", em que super-heróis tem muitos poderes mas não podem mudar as escolhas que os seres humanos fazem. Isso desperta um conceito existencial: não podemos mudar as pessoas mas dar os motivos para que elas mudem, uma vez que elas e apenas elas fazem por si mesmas.

E a discussão ética volta: "maquiavelianicamente", eu prefiro que uma pessoa então acredite que Deus existe, faça o que é certo e bom pra sociedade, se isso é o que a manterá. Importante é que haja crítica para que se perceba que a sua não-existência não implicaria em ruína do que é humano, isso é natural.

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